Sempre fui aficionada por filmes e séries médicas, mas nada me preparou para o que senti com Dr. Cegonha (Dr. Storks, 2015): ela tem o poder de transformar. Baseada no mangá Kounodori: Dr. Stork, esta obra-prima japonesa nos apresenta um obstetra órfão, que, sob a luz do dia, guia seus pacientes pelos milagres e desafios do parto, trazendo vidas ao mundo de forma segura, pura e crua e, à noite, transforma suas emoções em melodias no piano.
A série disseca o cotidiano hospitalar com uma sensibilidade rara. Mais do que uma série sobre maternidade, é um mergulho profundo na fragilidade da existência por meio do cotidiano, das aspirações, dos dramas e dos sonhos dos pacientes e da equipe médica. Eu não apenas assisti; eu vivi cada episódio, tocando em feridas como o luto, a aceitação e a força invisível da família. As histórias não se limitam ao físico; elas escancaram a alma.
Eu me emocionei a cada episódio e resolução dos casos, que são abordados não só no aspecto físico, mas psicológico e no âmbito social de cada mãe e bebê. O melhor é ver que aborda sobre os valores morais, a fragilidade da vida, família, amizade, autoestima... São tantas nuances que não tem como descrever, só assistindo mesmo para sentir.
Cada episódio foi um turbilhão. Em cada um deles, retrata uma história; e ao longo das duas temporadas, vamos conhecendo e, ao mesmo tempo, revendo vários personagens e situações interligadas, nos mostrando como estão após as suas jornadas. Chorei, sorri e senti meu coração apertar com os dramas, sonhos e a realidade — por vezes dura, por vezes mágica — dos pacientes e da equipe. A profundidade com que os temas são tratados é imensurável. É impossível sair ileso dessa experiência.
O Dr. Sakura Konotori (na legenda da Netflix o sobrenome está assim) não é apenas um médico; sua humanidade transborda, aquecendo o coração de uma forma que me fez reviver a nostalgia dos grandes médicos da ficção (o Dr. Greene, o Dr. Carter e o Dr. Doug Ross, de E.R.; o Dr. Michael 'Robby' Robinavitch, de The Pitt; o Dr. Derek Shepperd, o Mark Sloan, de Grey's Anatomy; o Dr. Gu Wei, de The Oath of Love; o Dr. Baek Kang-hyuk, de Heróis de Plantão), mas com uma doçura única.
Mesmo me trazendo memórias das melhores produções do gênero, aqui há algo especial: uma delicadeza que toca n'alma e nos desarma completamente.
O elenco — Ayano Go, Hoshino Gen e companhia — entrega atuações que transcendem a tela de forma impecável. A história deles se complementam tornando-os uma família real diante dos nossos olhos.
A evolução dos personagens ao longo das duas temporadas, focando tanto no passado doloroso quanto nas ambições futuras, cria um laço inquebrável com o espectador.
Assisti as duas temporadas. Enquanto a primeira foca no passado do médico/pianista, a segunda foca na jornada pessoal e ambições profissionais dos coadjuvantes. O final da segunda temporada, me deixou ansiando por uma nova temporada.
A trilha sonora é um capítulo à parte: ela nos transporta para outra dimensão, onde a dor e a esperança dançam juntas.
Profundamente tocante; toca n'alma. Não tem como não se emocionar.
O meu aviso é sincero: prepare os lenços. Você vai precisar deles.
Fazia tempo que uma série não me fazia chorar tanto e mexia tanto comigo (pelas situações de partir o coração ou pela ternura capaz de curá-lo), como poucas conseguiram. Prepare-se para chorar, não de tristeza, mas por ser lembrado da beleza dolorosa que é viver. É um abraço na alma que deixa uma saudade imensa ao final da segunda temporada.
Dr. Cegonha não é apenas entretenimento; é uma lição sobre o que significa ser humano!
Recomendo sem medo: assistam e permitam-se sentir. É uma celebração da vida em todas as suas nuances.
























